O Procurador-Geral da República,
Rodrigo Janot, recorreu nesta segunda-feira e pediu ao relator da Operação Lava
Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, que reconsidere
decisão tomada monocraticamente na semana passada e determine as prisões
preventivas do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do deputado federal Rodrigo
Rocha Loures (PMDB-PR). A solicitação de Janot foi feita por meio de agravo
regimental. Assim, caso Fachin não volte atrás, o procurador quer que os
pedidos de prisão sejam apreciados “com máxima urgência” pelo plenário do STF.
Aécio e Rocha Loures estão
afastados de seus mandatos parlamentares por ordem de Fachin. Figuras centrais
das delações premiadas dos executivos da JBS, o tucano e o peemedebista foram
os principais alvos da Operação Patmos, deflagrada pela Polícia Federal na
quinta-feira da semana passada.
Ao justificar os novos pedidos de
prisão contra o peemedebista e o tucano, o procurador-geral da República acusou
ambos de “uso espúrio do poder político” ao adotarem “estratégias de obstrução
de investigações da ‘Operação Lava Jato'”. Em ambos os casos, Janot defende que
os supostos crimes são cometidos em flagrante por crime inafiançável, única
circunstância em que a Constituição permite a prisão de parlamentares no
exercício do mandato.
No caso de Rocha Loures, o PGR afirma
que isso se dá “especialmente em relação ao fato de que concorre para a compra
do silêncio de Lúcio Bolonha Funaro e Eduardo Cunha”. Em relação a Aécio, a
obstrução se daria “seja por meio de alterações legislativas para anistiar
ilícitos ou restringir apurações, seja mediante interferência indevida nos
trabalhos da Polícia Federal, seja através da criação de obstáculos a acordos
de colaboração premiada relacionados ao caso”.
Encarregado pelo presidente
Michel Temer de encaminhar os interesses da empresa dos irmãos Batista no
governo, Rodrigo Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal coletando uma
mala com 500.000 reais em dinheiro vivo em uma pizzaria de São Paulo. O montante
foi entregue pelo diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud, um
dos delatores que fecharam acordos de colaboração com a PGR.
O deputado também foi gravado em
conversas com o dono da JBS, Joesley Batista, nas quais ambos tratam explicitamente
da compra do silêncio de Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba, e de Funaro, preso
em Brasília.
Já o senador foi gravado por
Joesley em uma conversa em que pede 2 milhões de reais, que supostamente seriam
destinados ao pagamento de honorários de seu advogado, Alberto Zacharias Toron,
na Lava Jato. O senador determinou a um primo seu, Frederico Pacheco de
Medeiros, a tarefa de pegar o dinheiro. Fred, como é chamado, recebeu o valor
fracionado em quatro parcelas de 500.000 reais.
“Se for você a pegar em mãos, vou
eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da
minha confiança”, sugeriu Joesley ao tucano. “Tem que ser um que a gente mata
ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o
Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma
ajuda do caralho”, respondeu Aécio.
A PF filmou três das entregas de
dinheiro na sede da empresa, na capital paulista, também feitas por Saud. O
primo do senador foi preso na Patmos, assim como a irmã e assessora do tucano,
Andréa Neves.
Clique aqui e aqui para ler a
íntegra dos novos pedido de prisão contra Aécio Neves e Rodrigo Rocha Loures.
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