O presidente Michel Temer voltou
a negar que irá renunciar ao cargo. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo,
publicada nesta segunda-feira, ele diz que não renuncia porque isso seria um
atestado de culpa. “Se quiserem, me derrubem, porque, se eu renuncio, é uma
declaração de culpa”, afirmou.
Temer foi jogado na mais grave
crise política de seu governo pela revelação das gravações feitas pelo
empresário Joesley Batisa, dono do grupo JBS. Em delação premiada, Joesley
afirma que Temer concordou com os pagamentos para silenciar o ex-presidente da
Câmara, Eduardo Cunha.
Sobre esse episódio, Temer afirma
que sua frase foi dada quando Joesley afirmava: “Olhe, tenho mantido boa
relação com o Cunha”. “[E eu disse]: “Mantenha isso”. Além do quê, ontem mesmo
o Eduardo Cunha lançou uma carta em que diz que jamais pediu [dinheiro] a ele
[Joesley] e muito menos a mim.”
Questionado sobre qual seria sua
culpa, Temer diz que foi a ingenuidade. “Fui ingênuo ao receber uma pessoa
naquele momento.”
O presidente afirma desconhecer
que Joesley era investigado e minimizou o fato de receber o empresário tarde da
noite, em um encontro que não constava da agenda oficial. “Você sabe que muitas
vezes eu marco cinco audiências e recebo 15 pessoas. Às vezes à noite, portanto
inteiramente fora da agenda.”
Temer voltou a criticar a forma
como foi gravado e como os irmãos Joesley e Wesley Batista tiveram um
tratamento diferente de outros investigados.
“Ele não teve uma informação
privilegiada, ele produziu uma informação privilegiada. Ele sabia, empresário
sagaz como é, que no momento em que ele entregasse a gravação, o dólar subiria
e as ações de sua empresa cairiam. Ele comprou US$ 1 bilhão e vendeu as ações
antes da queda.”
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