Já se antecipando a uma possível
resistência do deputado Waldir Maranhão (PP-MA) de deixar a presidência
interina da Câmara, deputados de diversos partidos preparam uma medida
regimental para afastá-lo do cargo. A ação está sendo preparada pela área técnica
da liderança do PMDB - partido que tem total interesse em trazer normalidade à
Casa para dar condições políticas a Michel Temer, tão logo ele assuma o
governo.
Na manhã desta terça-feira, uma
reunião multipartidária, com representantes principalmente do PSDB, SD, PTB,
PHS e PMDB, tentava buscar alternativas a Waldir Maranhão. Uma das soluções é
apresentar uma resolução que suspende as atribuições do interino e prevê seu
afastamento do cargo por, entre outros motivos, desrespeitar a soberania do
plenário. A medida se dá em represália à tentativa de Maranhão de anular a
sessão da Câmara que autorizou o processo de impeachment da presidente Dilma
Rousseff, aprovado por 367 deputados em abril. Sob pressão, o presidente
interino acabou recuando da medida.
No regimento, há apenas duas
possibilidades para a saída de um presidente: renúncia ou cassação. No entanto,
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que afastou Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do
comando da Câmara deve ser usada como referência. "O Supremo decidiu por
um caminho inédito, sem previsão expressa na Constituição. Esse mesmo esforço
pode ser feito no regimento. É o mesmo princípio que motivou, na construção
jurídica, a decisão do Supremo. O princípio básico é de que o poder supremo
está na decisão do colegiado", disse o líder do PMDB, Leonardo Picciani
(RJ), ao deixar a reunião.
Antes de levar a ação ao
plenário, porém, haverá um último esforço para uma saída diplomática: deputados
pretendem conversar com Maranhão e, ressaltando os últimos problemas, tentarão
convencê-lo a renunciar à presidência. "Ele está com a legitimidade
absolutamente arranhada no ponto de vista do povo brasileiro, não é nem só no
da Câmara. Os deputados não querem sua permanência e não aceitam sua direção no
momento. Nós temos os instrumentos regimentais que a Casa nos oferece",
afirmou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).
Com a saída de Maranhão, assume o
2º vice-presidente, deputado Giacobo (PR-PR), que tem até cinco sessões para
convocar novas eleições. Nesse caso, poderiam se candidatar deputados que
integraram o "blocão" de apoio à candidatura de Eduardo Cunha em
fevereiro de 2015 - PMDB, PP, PTB, DEM, PRB, Solidariedade, PSC, PHS, PTN, PMN,
PRP, PSDC, PEN e PRTB. Dessa forma, o deputado Rogério Roso, líder do PSD e
tido como um dos favoritos de Cunha para suceder-lhe, fica de fora da disputa.
Após reunião com a presença de
Maranhão, os integrantes da Mesa Diretora da Casa deram a ele duas opções para
o desfecho da crise criada pela decisão de anular o processo de impeachment. Ou
o presidente interino da Câmara apresenta renúncia à primeira vice-presidência
da Casa ou se licencia por 120 dias do cargo na mesa e do mandato parlamentar.
"Ele teve uma decisão equivocada, inválida, e continuou errando quando
anulou, porque mostrou sua fragilidade no comando da Casa", disse Giacobo.
PP - A pressão contra Maranhão
também vem de dentro de seu próprio partido. Nesta terça-feira, a bancada do PP
reuniu-se em busca de um acordo com o correligionário: tenta convencê-lo a
renunciar ao cargo em troca da boa vontade da legenda de mantê-lo filiado e com
o mandato, o que evitaria que ele, investigado na Lava Jato, perdesse o foro
privilegiado.
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