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domingo, 15 de março de 2015

‘O dia da morte de Tancredo foi o dia mais difícil para mim’, diz Sarney, 30 anos após assumir a Presidência

A história da redemocratização brasileira, que completa 30 anos esse ano, foi marcada por um início já conturbado, com a morte inesperada do primeiro presidente civil após 21 anos de ditadura militar. Eleito indiretamente, Tancredo Neves teve uma doença rápida e que não parecia grave, mas o matou em poucos dias.
 
Sarney vive um  clima de despedida da política após 60 anos de vida pública (Nelson Antoine/Fotoarena/AE)
Sem Tancredo, coube ao vice José Sarney assumir a Presidência de um País que precisava se reorganizar politicamente e se reerguer economicamente.


Hoje, três décadas depois, José Sarney ainda considera esse o momento mais difícil dos cinco anos em que passou no cargo mais alto do Executivo, mesmo tendo que enfrentar uma situação política delicada, fazer uma nova Constituição e ainda elaborar planos econômicos para tentar acabar com a hiperinflação.
— O momento mais difícil na Presidência foi o dia da morte do Tancredo porque eu não estava de nenhuma maneira esperando que aquilo acontecesse. Eu não tinha participado dos planos de governo, não tinha participado da organização do ministério. Era um vice-presidente de um Estado pobre que não tinha grande ligações com a grande imprensa nacional, então esse dia foi um dia em que eu senti uma grande responsabilidade cair sobre as minhas costas.

Prestes a completar 85 anos de vida, 60 deles na política, Sarney vive um momento de despedida da política: ele não disputou as últimas eleições ao Senado. O ex-presidente ainda se lembra do momento em que sua vida e a história do Brasil mudaram como se tivessem acontecido na semana passada.

— Eu talvez tenha sido uma das poucas pessoas no Brasil que não sabia que o Tancredo tinha problema de saúde grave, porque eu vi o Tancredo sempre com extrema vitalidade, com a vida normal e tratando dos problemas políticos com absoluta lucidez e com participação total no dia-a-dia e em todas as horas. De maneira que foi uma surpresa muito grande quando na noite do dia 14 de março o Aluízio Alves me comunicou que ele estava sendo hospitalizado e eu imediatamente fui para o Hospital de Base e lá eu me encontrei com o Ulysses [Guimarães] e na fase final da decisão em que os médicos o convenciam que ele devia ser operado. Depois eu estive com ele. Eu fui visitá-lo no hospital, no Incor. A minha impressão é que ele estava se recuperando bem.
Com fortes dores abdominais, Tancredo escondeu até a véspera da posse que estava passando mal. Seu medo era que o general Figueiredo não desse posse a Sarney por ele ser vice, gerando um clima de insegurança política em um momento delicado de transição de regime político. Sem ter participado da formação de governo, Sarney teve que tomar posse assumindo os compromissos de Tancredo. Até o discurso de posse foi escrito pelo presidente eleito, que até aquele momento ainda estava hospitalizado.


— Eu tinha subscrito o manifesto da Aliança Democrática que nós fizemos com o PMDB e tínhamos uma carta compromisso e nessa carta compromisso tinha tudo o que nós devíamos fazer no governo conjuntamente e eu cumpri integralmente com todos estes compromissos que nós tínhamos assumido. Eu, quando assumi o governo, pensava que o Tancredo ia passar apenas uns quatro ou cinco dias hospitalizado e Imediatamente voltaria ao governo porque o que nós sabíamos era que ele tinha uma crise aguda de apendicite e que era uma coisa simples. Eu mantive todo o seu ministério e eu sabia perfeitamente que o governo era todo do PMDB e eu não podia usurpá-lo e nem o faria de nenhuma maneira. E junto na Aliança Democrática firmados eles não tinham que ser jamais esquecidos.

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