Ex-presidente
da CBF, José Maria Marin foi detido na Suíça, nesta quarta-feira. (Foto: Stuart
Franklin / Getty Images)
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A
entidade que comanda o futebol mundial protagonizou enorme escândalo a apenas
dois dias de nova eleição presidencial. Nesta quarta-feira, uma operação
especial na Suíça, sob liderança do FBI, prendeu sete dirigentes da Fifa e
cinco executivos indiciados por extorsão e corrupção, de acordo com comunicado
emitido pelo Departamento de Justiça dos EUA. Um dos detidos foi José Maria
Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Outro brasileiro
acusado pela investigação é José Margulies, conhecido como José Lázaro,
executivo de marketing esportivo. Todos serão extraditados e julgados pela
Justiça americana e podem pegar 20 anos de prisão.
A
operação foi realizada durante a madrugada desta quarta-feira pela polícia
suíça no luxuoso hotel Baur au Lac, nos Alpes, onde os dirigentes se reúnem
para o encontro anual da entidade. O evento deste ano elegerá o novo presidente
da Fifa e está mantido para esta sexta-feira. O atual mandatário da
organização, Joseph Blatter, por sinal, não está entre os presos.
Os
agentes do FBI recolheram as chaves na recepção do hotel e se dirigiram para os
quartos para proceder com as detenções. As acusações que a Justiça dos EUA
apresenta contra os dirigentes do futebol mundial giram em torno da “corrupção
generalizada durante as duas últimas décadas”, em relação à escolha das sedes
para a Copa do Mundo de 2018 (Rússia) e de 2022 (Catar) e aos acordos de
marketing e de direitos de televisão. Apesar disto, a entidade afirmou que as
sedes dos dois torneios estão mantidas .
De
acordo com a BBC, o governo americano suspeita que dirigentes da Fifa tenham
pago mais de US$ 100 milhões em propinas desde os anos 1990. As acusações
incluem fraude, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A operação do
Departamento de Justiça dos EUA envolve mais de dez dirigentes do futebol
mundial, mas nem todos eles se encontram em Zurique para o encontro da
entidade.
“A
Fifa é a parte prejudicada”, opinou em um pronunciamento para a imprensa o
diretor de Comunicações da entidade, Walter De Gregorio, que destacou que “a
Fifa está cooperando (com as autoridades) por próprio interesse”.
Entre
os dirigentes acusados no escândalo, além de José Maria Marin, estão: o
vice-presidente do comitê executivo da Fifa, Jeffrey Webb; o presidente da
Federação de Futebol da Costa Rica, Eduardo Li; o ex-presidente da Conmebol
Eugenio Figueredo; o ex-presidente da Concacaf Jack Warner; o presidente da
Federação Venezuelana de Futebol, Rafael Esquivel; o ex-presidente da Conmebol
Nicolás Leoz; o ex-presidente da Federação Nicaraguense de Futebol Julio Rocha;
e o braço-direito do presidente da Conmebol, Costas Takkas. Destes, apenas Leoz
e Warner ainda não foram presos, de acordo com o Departamento de Justiça
americano.
O
empresário brasileiro J.Hawilla, fundador e dono da Traffic, conhecida empresa
de marketing esportivo, é um dos réus que se declararam culpados. De acordo com
o Departamento de Justiça americano, Hawilla devolveu US$ 151 milhões (R$ 473
milhões) em 12 de dezembro do ano passado ao fazer um acordo e assinar sua
confissão. Além dele, também se declararam culpados o ex-secretário-geral da
Concacaf e ex-representante dos EUA no Comitê Executivo da Fifa, Charles
Blazer, e Daryan e Daryll Warner, filhos do ex-vice-presidente da Fifa Jack
Warner.
A
Justiça americana não apresentou acusações contra o presidente da Fifa, o suíço
Joseph Blatter, mas as detenções podem representar um empecilho para sua reeleição
no pleito que acontecerá na sexta-feira e no qual ele concorre a um quinto
mandato à frente da entidade.
Ainda
nesta quarta-feira, membros do Ministério Público da Suíça recolheram
documentos e dados eletrônicos na sede principal da Fifa, em Zurique. Além
disto, a Justiça Federal da Suíça informou que bloqueou contas em diversos
bancos no país. Os escritórios da Concacaf, em Miami, nos Estados Unidos,
também foram alvo de buscas nesta quarta-feira.
“Estamos
surpresos pelo tempo que isso durou e como alcançou quase tudo o que foi feito
pela Fifa”, disse um agente da lei ao New York Times sobre as suspeitas de
corrupção. “Parece que chegava a cada elemento da federação e que essa era sua
maneira de fazer negócios. É como se fosse uma corrupção institucionalizada”,
frisou a fonte.
Membros
do Ministério Público da Suíça recolheram nesta quarta-feira documentos e dados
eletrônicos na sede principal da Fifa, em Zurique, segundo confirmou a entidade
em comunicado.
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