A redução do período de campanha
eleitoral e a criação de um limite para os gastos dos candidatos a partir de
2016 devem favorecer os políticos que já são conhecidos pela população, de
acordo com a opinião de especialistas ouvidos pelo G1.
Entre as mudanças nas regras que
começam a valer neste ano, estão a redução de 90 para 45 dias na duração da
campanha, além da diminuição de 45 para 35 dias do período de propaganda no
rádio e na TV.
Também foi criado um limite para
os gastos em campanha: será permitido gastar 70% do valor declarado pelo
candidato que mais gastou no pleito anterior, se tiver ocorrido só um turno, e
até 50% do gasto da eleição anterior se tiver havido dois turnos.
Com base em recente resolução do
Tribunal Superior Eleitoral, o G1 fez um ranking das capitais que terão os
maiores e menores limitespara candidatos a prefeito e vereador.
Além dos tetos, um freio a mais
para os gastos é a proibição das doações de empresas a candidatos e partidos.
As campanhas deste ano serão mais
objetivas e enxutas, de acordo com a avaliação do professor de marketing
político da Universidade de São Paulo (USP) e consultor político, Gaudencio
Torquato.
Quanto menor a campanha, menor a
possibilidade de quem não é conhecido se fazer conhecido”
Gaudencio Torquato,
professor de marketing político
“Os perfis mais conhecidos serão
beneficiados em função da campanha menor, mais curta. Quanto menor a campanha,
menor a possibilidade de quem não é conhecido se fazer conhecido”, avaliou.
“Isso favorece candidatos
esportistas, celebridades e políticos tradicionais que já são conhecidos da
comunidade”.
Torquato ponderou, no entanto,
que é possível que alguns eleitores, ainda assim, prefiram votar em novos
nomes.
“É possível que parcela do
eleitorado revoltada com política velha vote nos novos candidatos. A tendência pode
ser de procurar perfis mais assépticos”, disse.
Ainda na avaliação do professor,
o impacto das novas regras será sentido principalmente nas médias e grandes
cidades, onde há mais de 50 mil eleitores.
“Nas cidades pequenas, todo mundo
se conhece e é mais fácil fazer corpo a corpo. Nas cidades médias e grandes,
será maior o impacto, já que a população não conhece todos os candidatos”,
afirmou.
Para o consultor político
Gilberto Musto, que trabalha em campanhas em todo o país, as mudanças feita
pelos atuais legisladores favorecem os políticos eleitos.
“A diminuição do período favorece
aos que já estão eleitos. Como legislador, eu não vou mudar o sistema pelo qual
eu fui eleito”, afirmou.
Para quem não é conhecido, é
necessário começar a campanha desde já, pelas redes sociais, divulgando ideias
e posicionamentos […] O uso das redes sociais já foi forte em 2014 e este ano
será mais forte ainda”
Cristiano Penido,
estrategista de campanha
Verba
Musto afirmou, ainda, que a
redução dos gastos levará a uma profissionalização do trabalho nas campanhas.
Ele argumenta que o limite para as despesas – que antes não existia – exigirá
mais planejamento das equipes.
“[A campanha] É uma empresa, só
que começa e acaba com data marcada. Você tem que fechar e os números têm que
bater.”
O estrategista político Cristiano
Penido também enxerga um cenário favorável para os políticos famosos.
“O que vai acontecer é que os
candidatos mais conhecidos terão vantagem muito grande. Os menos conhecidos
terão 45 dias para se tornarem conhecidos e bem menos recursos”, disse.
Uma alternativa para os políticos
que ainda não têm tradição é fazer uso da internet, de acordo com Penido.
“Para quem não é conhecido, é
necessário começar a campanha desde já, pelas redes sociais, divulgando ideias
e posicionamentos”, disse.
“O uso das redes sociais já foi
forte em 2014 e este ano será mais forte ainda. Se não fosse isso, o candidato
desconhecido não teria chance nenhuma”, afirmou.
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