A
presidente Dilma Rousseff afirmou, nesta segunda-feira (9), que são legítimas
as manifestações que foram registradas em algumas partes do País contra seu
governo, durante o pronunciamento dela em cadeia nacional de rádio e televisão,
neste domingo (8). Dilma também comentou que os pedidos de impeachment contra
ela precisam ser fundamentados, e não apenas refletir o terceiro turno das
eleições.
De
acordo com a presidente, é preciso reconhecer que vivemos em um País onde as
pessoas têm espaço para se manifestar. No entanto, ela repudiou qualquer forma
de violência e sinalizou que um impeachment, nesse momento, seria uma ruptura
democrática.
—
Eu acho que há que caracterizar o impeachment, e não o terceiro turno das
eleições. O que não é possível no Brasil é a gente não aceitar a regra do jogo
democrático. A eleição acabou, houve primeiro e houve segundo turno. Terceiro
turno das eleições, para qualquer cidadão brasileiro, não pode ocorrer a não
ser que você queria uma ruptura democrática. Se houver uma ruptura democrática,
eu acredito que a sociedade brasileira não aceitará.
As
declarações foram dadas no Palácio do Planalto, em Brasília, após a presidente
sancionar a lei do feminicídio – que transforma em crime hediondo assassinato
de mulheres motivado por questões de gênero.
Dilma
também comentou o panelaço deste domingo, registrado em alguns Estados
brasileiros. A presidente lembrou que viveu em um período no qual não se podia
manifestar contra o governo, e comemorou o fato de estarmos em uma democracia
que garante esse direito.
De
acordo com Dilma Rousseff, é preciso conviver com as diferenças e por isso ela
aceita as manifestações como legítimas, mas lembra que é preciso manter o
movimento pacificamente.
—
Eu sou de uma época que a gente, se manifestasse, acabava na cadeia, podia ser
torturado ou morto. O fato de o Brasil evoluir, passar pela Constituinte de
1988, passar por processos democráticos e garantir o direito de manifestação é
algo absolutamente valorizado por todos nós, que chegamos à democracia a e
temos de conviver com a diferença. O que não podemos aceitar é a violência. Mas,
manifestação pacífica é da regra democrática.
Encontro com Lula
Mesmo
demonstrando serenidade em relação às manifestações e afirmando que os pedidos
de impeachment não têm legitimidade, a presidente Dilma deve se reunir com o
ex-presidente Luz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (10). No encontro, os dois devem discutir a reação
do governo frente à mobilização de parte da população que promete uma grande
manifestação pelo impeachment de Dilma, no próximo domingo (15), 30 anos depois
da posse do primeiro presidente civil eleito, após a ditadura militar.
Além
disso, Dilma e Lula devem debater qual será o posicionamento do governo após a
divulgação dos políticos que serão investigados, suspeitos de participarem do
equema de corrupção da Petrobras, desbaratado pela Operação Lava Jato.
Segundo
Dilma, é importante ouvir o ex-presidente porque ele é um homem que tem
compromisso com o Brasil.
—
O presidente Lula é uma liderança que sempre, a presença dele, eu acho que
contribui. Ele tem noção de estabilidade e ele tem compromisso com o País. Ele
não é uma pessoa que gosta de botar fogo em circo.
A
presidente Dilma, no entanto, não soube precisar se o encontro com o
ex-presidente Lula vai ocorrer em Brasília ou em São Paulo.
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