Plenário
do Senado durante sessão deliberativa ordinária - 25/08/2015(Moreira Mariz/Ag.
Senado)
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O
projeto de reforma política que o plenário do Senado deve votar nesta semana
reforça o poder dos grandes partidos e dificulta a eleição de parlamentares
pelas chamadas legendas "nanicas". Se aprovada, a proposta deve
reduzir a fragmentação do Congresso já nas próximas eleições.
Há
três itens no projeto que beneficiam especialmente os partidos com grandes
bancadas, como PT, PMDB e PSDB. O principal é o artigo que torna inócuas as
coligações nas eleições para deputado. O texto também restringe o acesso de
nanicos a debates e reduz seu "valor" nas coligações majoritárias -
para prefeito, governador e presidente - ao reduzir suas cotas no tempo de TV
do horário eleitoral.
Como
compensação, a proposta oferece a partidos ameaçados de encolhimento a
possibilidade de se unir em uma federação, organismo formado por duas legendas
ou mais, mas que funcionaria como uma única.
As
coligações nas eleições para a Câmara são importantes para os
"nanicos" porque nem sempre eles obtêm, sozinhos, o quociente
eleitoral - número mínimo de votos para eleger um deputado. Alianças com
legendas maiores eliminam esse obstáculo, já que quem precisa atingir esse
número mínimo de votos é a coligação, ou seja, a soma do resultado eleitoral de
todos os seus integrantes.
O
projeto do Senado, porém, determina que as vagas para a Câmara sejam divididas
com base no desempenho de cada partido, independentemente do fato de ele fazer
ou não parte de coligação. Essa mudança deve trazer alterações significativas
no quadro político. Se a eleição de 2014 tivesse sido realizada sem coligações,
o número de partidos representados na Câmara teria sido de 22, em vez de 28.
PMDB, PT e PSDB, que elegeram pouco mais de um terço dos deputados, teriam
ocupado mais da metade das vagas.
A
restrição às coligações não constava do projeto de reforma política já aprovado
pelos deputados - foi inserida relator da proposta no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR). Se aprovada pelos senadores, só entrará de fato em vigor se passar
por uma segunda votação na Câmara.
O
Congresso corre contra o tempo para que a reforma seja válida já nas eleições
municipais de 2016. Para que isso ocorra, o trâmite das novas regras precisa
ser concluído um ano antes do pleito.
O
projeto que o Senado deve votar nesta semana é o PLC 75/2015, que altera a Lei
dos Partidos Políticos, a Lei Eleitoral e o Código Eleitoral. Ainda não há data
para os senadores votarem a proposta de emenda constitucional que concentra
outros pontos importantes, como o fim da reeleição e a manutenção do financiamento
privado de campanhas.
Presidente
da Comissão de Reforma Política, o senador Jorge Viana (PT-AC) lamenta que não
tenha ocorrido a mudança na forma de financiamento. "Tive de abrir mão [do
fim do financiamento privado]. Mesmo com a Operação Lava Jato, estamos jogando
fora uma oportunidade de mudar isso", disse. Apesar da frustração, Viana
aponta vitórias na proposta: o provável fim das coligações proporcionais e
algumas medidas para reduzir o custo das campanhas.
"Lamentavelmente,
essa uma reforma é tímida", disse o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
"Ela não acabou com o financiamento de empresas para campanhas."
Segundo ele, as mudanças previstas são "cosméticas". "O fim da
reeleição deve ser a única mudança substancial."
Presidente
do DEM, o senador José Agripino (RN) prevê que os senadores e a Câmara devem
convergir pelo fim da reeleição. "Isso é consenso, mas ainda há dúvidas
sobre a duração do mandato, de 4 ou 5 anos. Foi a reforma possível dentro de um
quadro instável. Não houve vencedor."
(Com
Estadão Conteúdo)
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