Em Manaus, presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, comentou sobre
corte de orçamento do Judiciário (Foto: Rickardo Marques/G1 AM)
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O presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), Dias Toffoli, classificou como “retrocesso” a inviabilização do
uso de urnas eletrônicas nas eleições de 2016 devido ao contingenciamento de R$
428.739.416 do orçamento da Justiça Eleitoral para 2016.
Mais cedo, uma portaria publicada
no “Diário Oficial da União” informou que o contigenciamento determinado pelo
Executivo no orçamento do Judiciário vai “inviabilizar” as eleições no ano que
vem por meio eletrônico.
Durante uma solenidade no
Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), em Manaus, o ministro Dias
Toffli informou que o corte de R$ 1,7 bilhão no orçamento do Judiciário
comprometeu 80% da verba que seria utilizada para realização das eleições.
“É um passo atrás, é um
retrocesso. […] Nós não podemos nos furtar de realizar as eleições dentro de um
contexto adequado e com os recursos necessários. […] O que não poderíamos fazer
era ficarmos omissos e deixar de dizer à nação que este contingenciamento pode
vir a prejudicar a realização das eleições”, disse ao G1.
Conforme o presidente, o maior
impacto do bloqueio do dinheiro reservado à Justiça Eleitoral é comprometer o
processo de aquisição de urnas eletrônicas que já está licitado. “Nós temos
necessidade, com o passar do tempo, de adquirir novas urnas eletrônicas. Isto é
um processo que está em andamento e com o contingenciamento nós não teremos
condições de dar continuidade a este processo”, contou.
O TSE afirmou, em nota, que é
imprescindível contratar as urnas eletrônicas até o fim do mês de dezembro, com
o comprometimento de uma despesa estimada em R$ 200 milhões.
Toffoli afirmou que a Justiça
Eleitoral já articula com o Congresso Nacional, junto ao presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, a disponibilização da quantia
reservada ao Judiciário.
“Estamos envidando esforços,
estamos trabalhando juntos ao Congresso Nacional, para que ele excepcione as
verbas necessárias para a realização devida das eleições municipais do ano que
vem. (…) Estamos esperançosos de que o Congresso Nacional e o Ministério do
Planejamento reconheçam que esses valores são necessários para a realização das
eleições, que têm data marcada pela constituição”, afirmou.
Decreto federal
Nesta segunda-feira, o governo
publicou no “Diário Oficial da União”, o decreto com a descrição do Orçamento
para 2015, que prevê corte de gastos em relação ao documento anterior,
publicado em maio deste ano. O decreto também congela os gastos federais em
dezembro.
À tarde, o governo divulgou uma
nota à imprensa na qual confirmou o corte de R$ 10,7 bilhões no Orçamento da
União para 2015.
Conforme a pasta, ficam
preservadas todas as despesas obrigatórias, como salários de servidores,
benefícios previdenciários e sociais e pagamentos do programa Bolsa-Família,
além de “despesas com o mínimo da saúde e da educação, seguro-desemprego e
abono salarial”.
De acordo com o Planejamento, o
decreto contingencia R$ 11,2 bilhões de despesas discricionárias (não
obrigatórias) do Orçamento do Executivo federal, “sendo R$ 0,5 bilhão de
emendas impositivas e R$ 10,7 das demais programações”.
O maior corte diz respeito às
despesas do Ministério das Cidades (R$ 1,6 bilhão), seguido pelo Ministério dos
Transportes (R$ 1,4 bilhão) e Ministério da Integração Nacional (R$ 1,09
bilhão).
O bloqueio inclui gastos
destinados a investimento, à manutenção do funcionamento dos órgãos do governo
federal, pagamento de aluguel, água, luz, transporte, passagens e diárias.
A nota informa ainda que o
“contingenciamento adicional foi tomado em função do cenário econômico adverso,
que resultou em grande frustração de receitas, e da interpretação do Tribunal
de Contas da União sobre a conduta a ser adotada enquanto o Congresso Nacional
avalia a solicitação de revisão da meta encaminhada pelo Poder Executivo”.
Veja quanto cada tribunal ficará
impedido de utilizar no orçamento com o contingenciamento:
-Supremo Tribunal Federal: R$ 53.220.494,00
– Superior Tribunal de Justiça: R$ 73.286.271,00
– Justiça Federal: R$ 555.064.139,00
– Justiça Militar da União: R$ 14.873.546,00
– Justiça Eleitoral: R$ 428.739.416,00
– Justiça do Trabalho: R$ 423.393.109,00
– Justiça do DF e Territórios: R$ 63.020.117,00
– Conselho Nacional de Justiça: R$ 131.165.703,00
Veja abaixo a íntegra da nota
divulgada pelo TSE:
Nota à imprensa: contingenciamento comprometerá as Eleições Eletrônicas
Municipais de 2016
A Portaria Conjunta nº 3/2015, publicada nesta segunda-feira (30) no
Diário Oficial da União e assinada pelos presidentes dos tribunais superiores,
informa que o contingenciamento de recursos determinado pela União para cada
área do Poder Judiciário, incluindo a Justiça Eleitoral, “inviabilizará as
eleições de 2016 por meio eletrônico”.
Na semana passada, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral,
ministro Dias Toffoli, já havia procurado o presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, para expor a preocupação diante da
medida do Executivo.
O total que não será repassado para a Justiça Eleitoral soma exatos R$
428.739.416,00 o que prejudicará a aquisição e manutenção de equipamentos
necessários para a execução do pleito do próximo ano. Esse bloqueio no
orçamento compromete severamente vários projetos do TSE e dos Tribunais
Regionais Eleitorais (TREs).
O impacto maior reflete no processo de aquisição de urnas eletrônicas,
com licitação já em curso e imprescindível contratação até o fim do mês de
dezembro, com o comprometimento de uma despesa estimada em R$ 200.000.000,00.
A demora ou a não conclusão do procedimento licitatório causará dano irreversível
e irreparável à Justiça Eleitoral. As urnas que estão sendo licitadas tem prazo
certo e improrrogável para que estejam em produção nos cartórios eleitorais.
Na espécie, não há dúvida que o interesse público envolvido há que
prevalecer, ante a iminente ameaça de grave lesão à ordem, por comprometer as
Eleições Eletrônicas Municipais de 2016.
A portaria dos tribunais superiores é assinada pelos presidentes do STF,
ministro Ricardo Lewandowski, do TSE, ministro Dias Toffoli, do Tribunal
Superior do Trabalho (TST), ministro Antonio José de Barros Levenhagen, do
Superior Tribunal Militar (STM), William de Oliveira Barros, do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), desembargador Getúlio de
Moraes Oliveira, e pela vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
ministra Laurita Vaz.
O presidente do TSE registra e agradece o apoio do presidente do
Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, e informa que, juntos,
irão envidar todos os esforços no Congresso Nacional para que as verbas devidas
sejam autorizadas, a fim de se garantir a normalidade das eleições do ano que
vem.
*Colaborou: Rickardo Marques do G1 AM
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