O ex-executivo da Odebrecht, José de Carvalho Filho,
confirmou em delação premiada ao Ministério Público Federal que efetuou o
pagamento de propina a Flávio Dino (PCdoB) na campanha eleitoral de 2010 para o
governo do Maranhão. O delator foi categórico quanto à forma como foi feito o
pagamento: “foi caixa 2”.
A delação é uma das que embasaram os pedidos de inquéritos
da Lava Jato ao Supremo Tribunal Federal (STF) – a chamada "lista de
Fachin". Informações sobre pessoas que não têm foro privilegiado foram
repassadas a outras instâncias do Judiciário. No caso de Dino, o ministro
encaminhou o pedido de abertura de inquérito ao Superior Tribunal de Justiça
(STJ).
José de Carvalho Filho confirmou ainda que entregouuma senha
nas mãos de Flávio Dino, em local escolhido pelo comunista, e que o pagamento
foi efetuado pela Odebrecht para a sua campanha ao Governo do Estado do
Maranhão. A operação foi realizada pelo setor de operações estruturadas e
registrada no sistema "Drousys".
O delator da Odebrecht diz no depoimento que conheceu Flávio
Dino quando ele ainda era deputado federal e que procurou Dino para dar
sugestões sobre um projeto de lei que facilitava a atuação de empresas
brasileiras em Cuba.
“Ele não fez qualquer questionamento ou condicionamento, ao
contrário, ele quando foi candidato e teve que se descompatibilizar, ele
comprometido com o Projeto (de Lei) que se referia a Cuba e ao estado
brasileiro ele indicou outro deputado do seu partido para dar continuidade ao
processo, Chico Lopes, do PCdoB” afirmou durante delação.
Durante depoimento, José de Carvalho disse que em 2014,
Flávio Dino também recebeu dinheiro da Odebrecht, desta vez de forma legal.
“Ele (Dino) demonstra em 2014 a vontade de ser candidato ao governo do Maranhão
e me solicita ajuda. Falo com a mesma pessoa, João Pacífico, que dessa vez faz
de forma, tenho o recibo aqui, de forma legal, né?”.
O governador Flávio Dino falou sobre as denúncias feitas
pelo ex-executivo da Odebrecht. “Ele não diz que dia, quando, onde, quem
recebeu e quem passou. Diz que recebi esse recurso em razão de um Projeto de
Lei da Câmara e que eu seria o relato. Eu não fui efetivamente relator, ou
seja, não apresentei parecer nesse projeto, não recebi senha e nem recebi
dinheiro. Tenho convicção que a verdade e a Justiça vão prevalecer muito
rapidamente e esse caso vai ser esclarecido, porque bem o Maranhão sabe, o
Brasil sabe, que tenho uma vida limpa e honrada e ela continua assim” afirmou.
Dino confirmou ter recebido doação para a campanha de 2014, mas garantiu ter sido uma operação legal e amparada na lei. “Houve uma doação, legal, com recibo, declarada devidamente nos termos da lei. O que houve de fato foi o fiel cumprimento da lei e jamais - aliás, o próprio delator diz isso - houve troca de favores, toma lá, dá cá. Eu nunca fiz isso, nem com essa empresa e nem com qualquer outra empresa, por isso as denúncias são falsas”.
O Supremo Tribunal Federal (STF) liberou nesta quarta-feira
(12), vários HDs com os vídeos de todos os depoimentos de delatores no âmbito
da Operação Lava Jato.
Senador Edison Lobão
O pedido de abertura de inquérito contra o senador Edison
Lobão (PMDB) solicitado pelo Ministério Público Federal teve como base a
delação do ex-presidente da "Odebrecht Energia", Henrique Valladares.
Ele diz que a empreiteira pagou R$ 5,5 milhões a Lobão pra aprovação de um
projeto pra construção de duas usinas em Rondônia, quando o senador era
ministro de Minas e Energia.
"Ele sinalizava que iria nos ajudar e que precisava da
nossa ajuda. Tô falando de propina. Marcelo (Odebrecht) acreditou nisso. Eu não
sei de onde surgiu esse número, não me lembro e, sem que ele entregasse nada,
simplesmente para que ele fizesse o esforço de, usando os nossos argumentos que
eram verdadeiros e absolutamente legais, ele criasse um contra – ponto na Casa
Civil. Para isso surgiu o pagamento de 5,5 milhões. Com certeza, caixa 2".
Em nota, a assessoria de Edison Lobão disse que a defesa do
senador repudia mais uma vez o reiterado vazamento de informações sigilosas e
esclarece que está buscando o devido acesso legítimo e oficial aos documentos
do processo perante o STF.
Ulisses e José
Reinaldo
O deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB) e o advogado
Ulisses César Martins de Sousa também foram citados nas delações de
ex-executivos da Odebrecht. Em depoimento, os delatores disseram que Ulisses,
que na época procurador-geral do Maranhão, no governo de José Reinaldo, teria
pedido vantagem indevida para facilitar o pagamento de valores devido à empresa
decorrentes de contrato administrativo.
O advogado Ulisses César Martins afirmou que só vai se
pronunciar depois de ler o inquérito. O deputado federal José Reinaldo Tavares
disse que foi citado pela suposta conduta de um auxiliar seu, quando exerceu o
cargo de governador do Maranhão. Afirmou ainda estar tranquilo, confiante na
justiça brasileira, e convicto de que a apuração demonstrará sua inocência.
Fonte:G1MA
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