A Polícia Federal e a Secretaria
de Segurança do Paraná pediram nesta segunda-feira à Justiça Federal que o
depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja adiado. O tão
esperado embate entre o petista e o juiz Sergio Moro está marcado para o dia 3
de maio, mas deverá ser reprogramado para outra data. Antes de formalizar a
solicitação, um delegado do da PF entrou em contato com o magistrado para expor
os motivos do adiamento.
Extraoficialmente, ele argumentou
que, com o depoimento do empresário Léo Pinheiro, da OAS, dado na sexta-feira
passada, os investigadores precisariam de mais tempo para reunir provas consistentes
que sustentem os crimes imputados pelo executivo ao petista. Entre as acusações
constam que o tríplex do Guarujá é, de fato, de Lula e que a reforma do imóvel
foi bancada com dinheiro desviado da Petrobras; que a OAS mantinha uma
conta-propina de 15 milhões de reais à disposição do petista e que a
empreiteira pagou mais de 1 milhão de dólares ao ex-presidente por palestras no
exterior.
Na avaliação da PF, as provas
encontradas até agora, principalmente em relação ao tríplex, como comprovante
de pedágios dando conta que dois carros em nome do Instituto Lula passaram pelo
sistema automático de cobrança das barreiras a caminho do Guarujá entre 2011 e
2013, são fracas e serão facilmente derrubados pela defesa agressiva de Lula.
No ofício enviado a Moro,
assinado pelo superintendente da Polícia Federal do Paraná, Rosalvo Ferreira
Franco, argumenta-se que a instituição precisa de mais tempo para “as
tratativas com os órgãos de segurança e de inteligência” e para lidar com a
multidão que vai desembarcar em Curitiba para dar apoio a Lula.
Em outro documento, encaminhado a
Moro pelo secretário de Segurança do Paraná, Wagner Mesquita de Oliveira, o
secretário cita as comemorações do Dia do Trabalhador, marcadas com atos
públicos para 1º de maio, e as notícias recorrentes dando conta da ação de
movimentos populares de apoio ao petista. A expectativa é que caravanas com
cerca de 80 000 pessoas desembarquem em Curitiba no dia em que Lula e Moro
ficarão frente a frente.
O juiz federal ainda não assinou
nenhum despacho confirmando o adiamento. Apesar de os argumentos da PF de que
não houve tempo suficiente para fazer o planejamento, há quem sustente dentro
da Justiça Federal que a data do depoimento do Lula está marcada desde o dia 3
de março, tempo suficiente para organizar a plano de segurança. Segundo uma
fonte do Exército, já estava planejado até o deslocamento de tropas para a
capital curitibana para dar suporte ao depoimento de Lula. O Detran do Paraná e
a Polícia Militar também já tinham desenhado estratégias para desvio do
trânsito nas redondezas do prédio da Justiça Federal.
Fonte: Veja.com
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