Beber cerveja pode fazer bem, mas
é preciso tomar cuidado com o consumo exagerado. Segundo pesquisadores do
Hospital Universitário de Munique, na Alemanha, beber quatro pints (tradicional
copo de cerveja comum em países Europeus e nos Estados Unidos, que pode variar
entre 463 e 568 mililitros) de cerveja de uma só vez é o suficiente para desestabilizar
o ritmo dos batimentos cardíacos e aumentar o risco de insuficiência cardíaca e
derrame. O estudo foi realizado a partir de uma pesquisa no Oktoberfest, o
famoso festival cervejeiro alemão.
De acordo com a pesquisa, os
participantes apresentaram chances de arritmia, condição que abre portas para
condições mais graves, enquanto bebiam. A probabilidade é duplicada até mesmo
depois de uma ingestão relativamente modesta da bebida. Os dados mostraram que,
a cada grama de álcool ingerido por quilograma de sangue, as chances de
arritmia cardíaca aumentam em até 75%. Três gramas equivalem a cerca de 11
pints de cerveja, dependendo do peso do indivíduo e de seu metabolismo.
“Essa quantidade reflete uma
ingestão de álcool muito alta, aproximando-se da fronteira da intoxicação, e
poucas pessoas podem conseguem tolerá-la. Para efeitos de comparação, o limite
legal de condução na Alemanha é de 0,5 g/kg”, explicou Stefan Brunner, um dos
autores do estudo. No Brasil, a Lei Seca prevê como limite legal de condução
0,34 miligramas de álcool por litro de ar expelido, detectado pelo teste do
bafômetro.
Síndrome do Coração Festeiro
Os cientistas monitoraram 3.028
participantes do evento durante os 16 dias do festival cervejeiro e descobriram
fortes evidências da Síndrome do Coração Festeiro – ou Holiday Heart Syndrome,
em inglês – em que pessoas que nunca tiveram problemas no coração acabam
desenvolvendo batimentos cardíacos irregulares. Armados com bafômetros e
máquinas portáteis de eletrocardiograma, eles descobriram que quase um em cada
três festeiros (cerca de 33%) estava sofrendo de arritmia. Na população geral a
taxa é de até 4%. Uma forma da condição, a fibrilação atrial, é conhecida por
aumentar o risco de insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC) a
longo prazo.
“O ponto de partida para o nosso
estudo foram os relatórios inconclusivos sobre a Síndrome do Coração Festeiro“,
disse ao Telegraph o professor Moritz Sinner, coautor do estudo, publicado no
periódico científico European Heart Journal. “Não fomos capazes de demonstrar
diretamente que a fibrilação atrial ocorre consecutivamente ao consumo de
álcool, porém encontramos associações muito fortes e robustas com taquicardia
sinusal e distúrbios na variação natural da frequência cardíaca durante o ciclo
respiratório”.
Comparações
Entretanto, a equipe de pesquisa
comparou os resultados do Oktoberfest 2015 com os resultados de um estudo sobre
o consumo crônico de bebidas alcoólicas (alcoolismo) e descobriram que os
efeitos são realmente mais drásticos para quem costuma beber de forma exagerada
com maior frequência. Aproximadamente seis milhões de pessoas do mundo todo
participam anualmente do evento, só em 2013 foram vendidos 7,7 milhões de
litros de cerveja.
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