Após
59 anos de vida pública, o senador José Sarney (PMDB-AP), 84, fez nesta quinta
(18) seu discurso de despedida do Congresso. Com a mais longeva carreira da
política brasileira, Sarney não terá mandato a partir de 2015 porque decidiu
não disputar as eleições de outubro.
No
último discurso no Legislativo, o peemedebista fez duras críticas ao sistema
político brasileiro e defendeu mudanças nas regras das empresas estatais para evitar
ações de corrupção como as que atingiram a Petrobras. Sarney disse que as
denúncias que envolvem a estatal “envergonham” o país e prometeu reapresentar
projeto, de sua autoria, que cria um estatuto para as estatais. “Eu vou deixar
como última presença minha no Legislativo esse projeto. Se tivesse sido feito,
nós não teríamos esse problema que estamos tendo e lamentando, e de certo modo
está envergonhando o Brasil, que é o problema da Petrobras.”
Ao
defender uma ampla reforma política que inclui o fim do financiamento privado
das campanhas eleitorais, Sarney disse que seu principal “erro” foi ter
permanecido na vida pública após deixar a Presidência da República. “Penso que
é preciso proibir que os ex-presidentes ocupem qualquer cargo público, mesmo que
seja eletivo. Foi um erro que cometi ter voltado.” Sarney disse não ser
possível mais “tolerar” o sistema político brasileiro, responsável por “todo o
resto” que acontece no país. O peemedebista defendeu a redução no número de
partidos, a maioria formada por “feudos pessoais”, assim como a implementação
do sistema parlamentarista no Brasil. “A presidente Dilma marcará a história do
Brasil se fizer essa mudança de regime para o país.”
Sarney
também defendeu o fim das medidas provisórias, instrumento que o peemedebista
considera a “deformação” do regime democrático. “O Executivo legisla e o
parlamento fica no discurso. As leis são da pior qualidade e as MPs recebem
penduricalhos que nada têm a ver com elas para possibilitar negociações feitas
a serviço de lobistas.” O senador disse ser favorável à fixação de um teto para
as doações privadas às campanhas eleitorais, assim como o voto distrital e
lista fechada para a escolha dos candidatos.
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