O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), informou nesta terça-feira (19) que a comissão especial
que vai analisar na Casa o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff
deverá ser eleita na próxima terça-feira (26).
Com a leitura do resultado da
votação na Câmara dos Deputados, prevista para a tarde desta terça (19), será
aberto prazo de 48 horas, estabelecido por Renan Calheiros, para que os líderes
dos blocos partidários indiquem os nomes dos senadores que vão integrar a
comissão.
Renan explicou que, em tese, se
todos os nomes fossem indicados ainda na tarde desta terça, a comissão poderia
ser criada no mesmo dia.
No entanto, durante a reunião de
líderes pela manhã, vários deixaram claro, segundo Renan, que não pretendem
fazer isso.
Passadas 48 horas, se não houver
todas as indicações, o presidente do Senado disse que ele próprio nomeará os
integrantes.
"Muitos deixaram claro que o
seu propósito é delongar o processo", afirmou Renan Calheiros.
Com isso, ele calcula que a
criação da comissão ficará só para a próxima terça.
"A expectativa é que, na
próxima terça-feira, vamos eleger a comissão especial, que é quem ditará o
ritmo da instrução processual", disse o presidente do Senado.
Questionado se haveria a
possibilidade de convocar sessão para fazer a eleição do colegiado já na sexta
ou na segunda-feira, Renan disse que é praxe no Senado sessões às terças,
quartas e quintas.
"Se convocar para sábado,
haverá quem fale mal. Se convocar para domingo, haverá quem fale mal, e na
segunda, igual", justificou.
Assim que a comissão estiver
eleita e, portanto, criada, será marcada a primeira reunião, que poderá ser no
mesmo dia. Nessa primeira reunião, haverá a eleição para presidente e relator,
configurando assim a instalação oficial da comissão.
Oposição questiona demora
Senadores da oposição
pressionaram para que a instalação da comissão ocorresse já nesta terça-feira
(19), mas o bloco formado por PT e PDT se recusou a indicar seus integrantes
para o colegiado.
"O PT se recusa a indicar,
quer prazo de 48 horas, o que já demonstra tentativa de retardar a comissão.
Mais uma vez o PT faz um desserviço ao pais. Essa medida de procrastinação é
mais uma demonstração de que eles só se preocupam com o poder", afirmou o
senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
O líder do DEM, senador José
Agripino Maia (RN), afirmou que a oposição vai trabalhar para convencer Renan
Calheiros a convocar sessão extraordinária na sexta (22) para eleger os membros
da comissão especial.
Ele disse que a oposição “não
aceita” que o colegiado só seja eleito na próxima terça (26). A intenção de
Agripino é que a eleição dos membros ocorra na sexta (22) e que a comissão
comece os trabalhos na próxima segunda (25).
“Somos contra isso. Vamos para o
plenário fazer apelo para que o Senado trabalhe esta semana, tenha sessão na
sexta-feira. Não concordamos com esse prazo. Vamos pedir para que o Senado
funcione no feriado. Acho que é importante que a próxima segunda comece com
essa comissão definida e eleita. Amanheça eleita e em condições de trabalhar”,
disse Agripino ao G1.
O líder do PT no Senado, Paulo
Rocha (PA), disse que a intenção do PT não é “procrastinar” a criação da
comissão que analisará o impeachment.
“Aqui ninguém quer procrastinar.
A oposição é que quer atropelar o processo. Nossa intenção é indicar os membros
até o último momento possível”, disse Paulo Rocha.
O líder do PMDB, Eunício Oliveira
(PMDB-CE), disse que não vê problema em marcar a instalação para a próxima
terça, ainda que oposicionistas tenham defendido que o início dos trabalhos
fosse já esta semana.
Para ele, o processo de
impeachment deve ser conduzido com “cautela” no Senado, para evitar
questionamentos na Justiça.
“É um processo de afastamento e
cassação de um presidente da República. A Câmara demorou alguns meses para
votar e nem era a câmara judicante [que julga o mérito]. Você tem que dar direito
de defesa. Não podemos permitir que o processo seja judicializado. Não podemos
atropelar”, afirmou.
Indicação por blocos
Havia uma dúvida com relação à
indicação dos 21 integrantes titulares da comissão, se seriam indicados por
líderes partidários ou pelos blocos partidários.
Na reunião desta terça, no
entanto, ficou decidido que indicação será feita pelo blocos partidários,
respeitando o tamanho desses blocos, ou seja, quanto maior o número de
senadores em um bloco mais indicações podem ser feitas.
O maior bloco é formado apenas
pelo PMDB, que possui 18 senadores. De acordo com a proporcionalidade, o
partido poderá indicar cinco membros para a composição da chapa.
O bloco da oposição, formado por
DEM, PSDB e PV, conta com 16 senadores e terá direito a quatro integrantes na
comissão.
O bloco de apoio ao governo,
integrado por 14 senadores de PT e PDT, também tem direito a indicar quatro
nomes para a comissão.
Os demais três blocos
parlamentares existentes no Senado têm dez senadores cada. Ainda não está definido
quantos integrantes da comissão cada um desses blocos poderá indicar. No
entanto, não poderá ser excedido a quantidade de três membros para cada.
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