Pessoas que fumam maconha em
grandes quantidades têm menor liberação de dopamina - neurotransmissor que
serve para avaliar ou recompensar prazeres específicos associados à
alimentação, drogas ou dinheiro - no cérebro. A conclusão é de um estudo
publicado recentemente no periódico científico Molecular Psychiatry. Embora
essa característica já tenha sido associada a outras drogas como cocaína e
heroína, essa é a primeira vez que este efeito é associado ao uso de maconha.
Com a disseminação e maior
aceitação da maconha para uso medicinal, pesquisadores da Universidade
Columbia, nos Estados Unidos, decidiram avaliar seus efeitos. Participaram da
experiência 23 adultos com idade entre 21 e 40 anos. Destes, onze eram
dependentes de maconha que fumavam diariamente, desde a adolescência,
totalizando uma média de 80 gramas por mês. Estes participantes também não
podiam ter sido diagnosticados com nenhuma doença psiquiátrica ou neurológica
nem ter o hábito de usar outro tipo de droga. Os demais eram pessoas saudáveis,
sem vícios, que desempenharam o papel do grupo de controle.
Para o estudo, os usuários de
maconha precisaram ficar cinco dias sem fumar, para eliminar o efeito imediato
e agudo da droga sobre a produção de dopamina. Após este período, todos os
participantes, inclusive o grupo de controle, receberam uma dose de anfetaminas
para estimular a produção de dopamina. Em seguida uma tomografia cerebral
acompanhou os níveis de liberação do neurotransmissor.
Os resultados mostraram que nos
usuários de maconha houve menor liberação do neurotransmissor no corpo estriado
- região cerebral responsável pelo controle da atenção, da motivação e da
memória de curto prazo, em comparação com os outros participantes. Nos
fumantes, a quantidade de dopamina também foi menor em outras partes do cérebro
que desempenham um papel importante na aprendizagem associativa e
sensório-motora.
Os pesquisadores também fizeram
testes para avaliar a memória e a atenção dos voluntários. Embora eles não
tenham conseguido estabelecer uma relação direta de causa e consequência, os
voluntários com menores níveis de dopamina também tiveram os piores desempenhos
nos testes.
"Nós não sabemos se a
redução da dopamina era uma condição preexistente ou se foi resultado do
consumo pesado de cannabis. Em longo prazo, o consumo intenso de cannabis pode
prejudicar o sistema dopaminérgico, o que poderia ter uma variedade de efeitos
negativos na aprendizagem e no comportamento.", disse Anissa Abi-Dargham,
principal autora do estudo.
Clínica de Recuperação Grupo Casoto
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