O Maranhão é o estado do Nordeste
com menos cidades que decretaram estado de calamidade ou emergência por causa
da seca que atinge a região nos últimos cinco anos. Segundo levantamento feito
pelo G1 com base em dados do Ministério da Integração Nacional, dos 217
municípios do estado, 94 tiveram decretos por seca ou por estiagem entre 2012 e
2016, o que representa 43,3% do total. Em alguns estados do Nordeste, como o
Piauí, o percentual chega a 98,2%.
O G1 mostra, em uma série de
reportagens, uma pequena amostra da realidade vivida na região - e as muitas
saídas que encontra para conseguir sobreviver. Confira aqui as histórias,
contadas em cada um dos nove estados do Nordeste brasileiro.
Hoje, a falta de chuva atinge
mais de 70% dos municípios do semiárido, o que afeta 1.396 cidades com a falta
de abastecimento, além da perda de lavouras e rebanhos. Ao G1, o presidente do
Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc), Felipe
de Holanda, explicou que as características ambientais diferenciadas ao longo
do território maranhense, em relação a fatores climáticos, contribuíram para o
grande volume de chuva dos últimos meses e, desta forma, com a redução dos
impactos por todo o estado.
“O Maranhão tem boa parte do seu
bioma na região amazônica e tem uma precipitação bem mais generosa, apesar de
ser concentrada, durante seis, sete meses, diferente do que acontece na
Caatinga. No Piauí e no Ceará, por exemplo, você tem zonas que tem 400
mililitros de precipitação por ano, e aqui, no Maranhão, não tem nada abaixo de
1.000. Nós temos vários municípios que sofreram com seca e enchentes de 2010
até agora”, afirmou Holanda.
Segundo dados do Monitor de
Secas, documento elaborado por diversos órgãos ligados ao meio ambiente e
meteorologia, as precipitações ultrapassaram 300 mm acumulados no mês de
fevereiro e 200 mm durante o mês de janeiro em todo o Maranhão. Isto teria
contribuído para a eliminação de impactos da estiagem na agricultura e na
pecuária no estado, segundo dados do Imesc.
Ações contra a seca
O chefe do Departamento de
Estudos Ambientais do Imesc, José de Ribamar Carvalho, afirmou que ações
pontuais contribuíram para minimizar os impactos da estiagem como, por exemplo,
o trabalho de abastecimento de água e a perfuração de poços artesianos nos
locais em que a estiagem é mais severa. Além disso, a distribuição de água por
meio de carros-pipa e o monitoramento feito por equipes permanentes também têm
contribuído para a minimização dos impactos decorrentes da seca.
“Quando o município entra em
estado de emergência, a Defesa Civil e o estado criam equipes de emergências no
próprio município para realizar ações de curto e longo prazo. Em momentos
iniciais, realizamos trabalhos de distribuição de água em carros-pipas e depois
são escolhidos os pontos nos povoados que sofrem com a estiagem nesses períodos
ou não, para a construção de poços artesianos. Com os problemas em relação à
quantidade de precipitação, os corpos hídricos subterrâneos podem ser
utilizados para essa questão”, explicou.
Com esse cenário do aumento do
volume de chuvas e as ações pontuais de diminuição dos impactos da estiagem, as
atividades econômicas vinculadas a cultivos agropecuários, piscicultura e
extrativismo ganharam sobrevida, segundo aponta relatório da Coordenadoria
Estadual de Proteção e Defesa Civil.
Análise da seca e estiagem
Segundo o ‘Atlas de Desastres
Naturais’, entre os anos de 1991 a 2010, o Maranhão foi atingido por 81
episódios de secas e estiagens, que ocorreram em 64 municípios, distribuídos
nas cinco mesorregiões do estado, principalmente no leste maranhense.
No entanto, o relatório da
Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil apontou o ano de 2012 como o
que teve mais decretações de situação de emergência por estiagem. Ao todo foram
87 registros, sendo 32 decretos municipais e 55 estaduais. De 2012 a 2015 foram
208 decretos.
Para o Monitor de Secas do
Nordeste da Agência Nacional de Abastecimento (ANA), no mês de agosto de 2016,
a área de seca extrema no Maranhão chegou a 57%, avançando no setor central e
sul do estado. Além do agronegócio, os pequenos agricultores também sofreram
com as perdas das plantações e animais.
Em 2016, 21 casos decretos de
emergência foram feitos, enquanto que nos primeiros três meses deste ano há
apenas oito registros de situações de emergência. “Um dos pesos muito grandes
para estiagem é a perda da agricultura e problemas da população com acesso a
água para consumo próprio” finalizou José de Ribamar.
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