Hélio
Bicudo(Editora Abril/Dedoc)
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O
jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, preparou um pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff que será apresentado no Congresso
Nacional. Rompido com o partido desde a eclosão do escândalo do mensalão, em
2005, Bicudo concluiu uma petição em que aponta a "crise moral" no
país, afirma que a Operação Lava Jato revelou um "descalabro" na
Petrobras e dá indícios de crimes de responsabilidade que teriam sido
praticados por Dilma, como as pedaladas fiscais, e por não ter demitido
subordinados envolvidos no petrolão e no eletrolão.
"À
Câmara dos Deputados Federais rogamos que coloque um fim nesta situação,
autorizando que a Presidente da República seja processada pelos delitos
perpetrados, encaminhando-se, por conseguinte, os autos ao Senado Federal, onde
será julgada para, ao final, ser condenada à perda do mandato, bem como à
inabilitação para exercer cargo público pelo prazo de oito anos, nos termos do
artigo 52, parágrafo único, da Constituição Federal. É o que ora se
requer!", afirma.
Bicudo
sugere que sejam ouvidos como testemunhas dos atos ilícitos personagens
centrais do petrolão como os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e
Nestor Cerveró, o doleiro Alberto Youssef, o empreiteiro Ricardo Pessoa e o
lobista Milton Pascowitch. A petição também é assinada pela professora de
Direito Janaina Conceição Paschoal, da Universidade de São Paulo (USP). Eles
citam no documento trecho da delação premiada de Youssef, revelado por VEJA, em
que o doleiro sustenta que Lula e Dilma "sabiam de tudo" no esquema
do petrolão.
Bicudo
argumenta que a presidente Dilma deve ser processada por dolo e não apenas de
maneira culposa, conforme entendem outros juristas, "pois a reiteração dos
fatos, sua magnitude e o comportamento adotado, mesmo depois de avisada por
várias fontes, não são compatíveis com mera negligência, estando-se diante de
uma verdadeira continuidade delitiva". "Impossível crer que a
Presidente da República não soubesse o que estava passando a sua volta",
afirma.
"À
luz da legislação vigente, entende-se que a Presidente da República atentou
contra a probidade administrativa, primeiro, por "não tornar efetiva a
responsabilidade dos seus subordinados" e, em segundo lugar, por
"proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo".
Bicudo
enumera em trinta páginas uma série de irregularidades descobertas pela Lava
Jato e de má administração, como a compra da Refinaria de Pasadena, quando
Dilma era do Conselho da Petrorbas. Ele cita como a decisão do Tribunal
Superior Eleitoral de reavaliar as contas de campanha de 2014 e os apontamentos
do Tribunal de Contas da União sobre violações à Lei de Responsabilidade
Fiscal.
"A
presidente, que sempre se apresentou como valorosa economista, pessoalmente
responsável pelas finanças públicas, deixou de contabilizar empréstimos tomados
de instituições financeiras públicas (Caixa Econômica Federal e Banco do
Brasil), contrariando, a um só tempo, a proibição de fazer referidos
empréstimos e o dever de transparência quanto à situação financeira do país. Em
suma, houve uma maquiagem deliberadamente orientada a passar para a nação (e
também aos investidores internacionais) a sensação de que o Brasil estaria
economicamente saudável e, portanto, teria condições de manter os programas em
favor das classes mais vulneráveis", diz o documento. "O expediente
conhecido por pedaladas seria mais do que suficiente para ensejar o impedimento
da presidente da República. No entanto, a sucessão de escândalos e o
comportamento por ela reiteradamente adotado revelam dolo, consubstanciado na
adoção, no mínimo, da chamada cegueira deliberada."
Ele
também questiona a falta de transparência em contratos firmados pelo BNDES para
financiar obras em países como Cuba e Angola, realizadas por empreiteiras
brasileiras implicadas na Lava Jato. Segundo o ex-petista, a insistência de
Dilma em manter o sigilo sobre as operações "permite inferir que ela
conhecia o esquema sofisticadamente criado para drenar os recursos do país,
tudo com o fim de perpetuar seu grupo no poder".
Lula
- O procurador de Justiça aposentado, função na qual combateu crimes cometidos
pelo Esquadrão da Morte na ditatura militar, e ex-presidente da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos também se insurge contra o ex-presidente
Lula e afirma que ele sempre agiu em prol da Odebrecht no exterior. Ele aponta
que Lula e Dilma afirmam que nunca se dissociaram um do outro, o que evidencia
a influência de Lula no Palácio do Planalto. "A relação íntima entre a
denunciada e Lula e entre este e a principal construtora envolvida no esquema,
indica que a presidente sempre soube. Ainda que assim não fosse, a probidade
teria restado lesada por meio de seu comportamento condescendente para com
aqueles que eram (e continuam sendo) alcançados pela Lava Jato e seus desdobramentos."
"Durante
muitos anos, todos os brasileiros foram iludidos com o discurso de que Lula
seria um verdadeiro promotor do Brasil, no exterior, um propagandista que
estaria prospectando negócios para as empresas nacionais. No entanto, conforme
foram se descortinando os achados da Lava Jato, restou nítido que todo esse
cenário serviu, única e exclusivamente, para sangrar os cofres públicos. A Lava
Jato jogou luz sobre a promíscua relação havida entre Lula e a maior
empreiteira envolvida no escândalo, cujo presidente já está preso. Não há mais
como negar que o ex-presidente se transformou em verdadeiro operador da
empreiteira, intermediando seus negócios junto a órgãos públicos, em troca de
pagamentos milionários por supostas palestras, dentre outras vantagens
econômicas".
Bicudo
também combate o discurso falacioso propalado por Lula e pelo PT, que insistem
em classificar as investigações como um golpe em curso para prejudicar a
Petrobras e uma perseguição orquestrada pela oposição e pela elite brasileira
contra o partido. "Somos negros e brancos, jovens e idosos, homens e
mulheres de várias orientações sexuais, nordestinos e sulistas, somos
brasileiros querendo resgatar a honra que ainda resta para este país. Os
tiranos que dele se apoderaram construíram um discurso de cisão, objetivando
nos enfraquecer, para se perpetuarem."
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